Num momento histórico para o futebol americano no Brasil, a estreia da modalidade na Vila Belmiro, O Santos Tsunami fez a festa “em casa”, derrotando o Osasco Soldiers por 43 a 0. O jogo amistoso foi o primeiro realizado num estádio de grande porte no País, iniciando uma nova fase do esporte, e também valeu como preliminar da final do Torneio Touchdown 2010, entre Vasco Patriotas, do Rio de Janeiro, e Vila Velha Tritões, do Espírito Santo.
“É um momento especial, o templo sagrado do futebol, abrindo as portas para o futebol americano e espero que essa iniciativa sirva de exemplo para outros clubes do Brasil”, festejou o diretor de futebol americano do Santos FC, Rodrigo Galvão.
A disputa foi envolvida por muita emoção. Logo ao chegarem ao vestiário da Vila, o mesmo por onde já passaram figuras ilustres como o Rei Pelé, Robinho e hoje Neymar, os atletas se emocionaram, vários chegaram às lagrimas, num mistura com alegria e entusiasmo.
No campo, a adrenalina tomou conta dos 50 atletas. Entre eles, um em especial, o ex-atacante de futebol do Santos FC (1995/96) e atual gerente do time profissional do clube, Paulo Jamelli.
Ele atuou como kicker e fez questão de aquecer com a equipe e ficou totalmente envolvido. “Importante abrir a Vila Belmiro para esse esporte e que outros patrocinadores apareçam para investir. É um jogo emocionante, tenho certeza de que vai crescer muito”, disse animado Jamelli, responsável por três field goals.
Na partida, o Santos Tsunami deu um “passeio” no gramado. Ainda no primeiro tempo, abriu 31 a 0, e liquidou o placar em 43 a 0. Usain (apelido de Luis Aquino em menção ao velocista Usain Bolt) e Uriguelo foram os grandes destaques, cada um com dois touchdowns.
Com a honra de usar a camisa 10 em plena Vila Belmiro, Usain foi outro que comemorou muito. “Quando fiz o primeiro TD não sabia se chorava, festejava, ainda mais herdando a camisa 10, que tem tanta mística aqui. Uma responsabilidade tremenda”, comentou.
“Esse time tem grande potencial e vamos mostrar em 2011 no Paulista e no Brasileiro”, garantiu o atacante, que fez questão de homenagear a mãe (Eva) e a namorada (Michele). “Não poderia deixar de mandar beijos para as duas, que estão trabalhando e não puderam ver o jogo, mas sei que elas torceram muito por este momento”, agradeceu.
Também marcaram para o time santista Júnior e Pimenta, cada um com um TD, Netto, com uma conversão, e Rodrigo Stoffel, que é da defesa, com um safety. “Foi o primeiro safety da Vila Belmiro. É histórico”, garantiu. Mesmo sem marcarem pontos, Ciriaco e Pensador (alusão ao cantor Gabriel, o Pensador, por sua semelhança física) se destacaram pela defesa.
Mas, sem dúvida, quem mais se emocionou foi Rodrigo Galvão. Responsável por agilizar todo o processo para a realização do futebol americano na Vila Belmiro, ele, inicialmente, atuaria somente como dirigente na partida, mas no segundo tempo, com o placar elástico, recebeu uma homenagem do time, que o chamou para jogar.
Galvão se trocou na própria lateral do campo, rodeado pelos companheiros e, ao entrar, no jogo foi ovacionado. Jogou e participou de um TD, para encerrar a partida chorando. “É um sonho completo. Nem nos meus maiores devaneios, sonhei que iria ouvir o hino do Santos numa vitória da qual participei jogando. É fantástico. Adrenalina mil”, disse.
“Nunca fiz nada igual na minha vida. É maior emoção que já tive na vida, de longe. Estou extasiado. Vou dizer uma frase de um ídolo meu no futebol, o Léo (lateral do Santos FC), do título brasileiro de 2002. Podia morrer hoje, que morreria feliz”, completou.